Minha cor preferida não é o rosa. Minha boneca preferida nunca
foi a Barbie e eu nunca fui fã de Sandy e Junior. Enquanto minhas colegas da mesma
idade tinham coleção de bonecas com feições importadas, eu tinha mulheres
recortadas de revistas Hermes e Avon e brincava tendo casa bem arrumada (com
móveis tirados de catálogos de lojas), bom trabalho e um
marido lindo (também de papel). Mas esse texto não é pra falar de brinquedos,
mas sim de cores. É, cores.
Ratifico – o ROSA não é minha cor preferida. Já foi. Ou pelo menos eu quis muito que fosse. Me auto impus que eu era um menina-princesa-feminina-lady e que, portanto, minha cor preferida tinha de ser o rosa. Mas isso era quando eu não me conhecia. De fato, ainda não me conheço por completo e quem disser que se conhece dessa forma está, no mínimo, equivocado. Conhecer-se é um processo contínuo e perene. É um fluir constante, assim como a vida.
A parada é que hoje, minha cor preferida é o VERMELHO. Amanhã pode ser o amarelo ou o lilás, mas, nesse momento, com toda a certeza, minha cor é o vermelho. Na verdade eu sempre gostei de vermelho, até sem me dá conta disso. Um dia, aos 19 anos, me surpreendi com a quantidade de calçados vermelhos que tinha (quando o convencional era optar pelos pretos). Vermelho é a cor da luta, da resistência. Vermelho é a cor da REVOLUÇÃO. O vermelho grita progresso, grita sangue, ideologia. O vermelho é vibrante.
Nos últimos dias, estudando sobre Feminismo (que vai além do
que muita gente acha, mas não pretendo entrar nessa questão agora), vi que Rosa
de Luxemburgo, economista, marxista, filósofa, uma das fundadoras do Partido
Comunista Alemão e defensora apaixonada da LIBERDADE, era chamada por muitos de
“Rosa, a vermelha”. Eu achei aquilo tão
legal. Decidi: definitivamente não sou nem quero ser rosa, sou vermelha!
O rosa, sempre trouxe o peso da simbologia da meiguice, da
delicadeza, da feminilidade. Mas traz também, inerentemente, a simbologia da
subordinação, da opressão, da imposição de papeis sociais, sofridas pela mulher
historicamente. Coitado do rosa, não tô querendo fazer dele um vilão, nem
pregar para as mulheres que não gostem dele. Mas, pra mim, o vermelho que é a cor
da mulher. Até cor Primária é (lembra das aulas de Arte da escola?), o rosa deriva-se
dele. Vermelho é força. Pintou as
revoluções e estas pintam o nosso coração de vermelho também, num movimento
dialético e sublime. Como diz a canção: “tudo
é garantido após o sol vermelhecer”. Acho que mesmo a esperança nem verde é. É
vermelha.
Pronto, tá documentado: minha cor preferida é o vermelho. Além
do mais, loiras ficam ótimas com essa cor. ;)
