segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Capítulo 04

Acalento

O dia foi cheio. A agência de publicidade onde Maria trabalhava era sempre geradora de dias cheios. Maria, que já era do Céu, voou ainda mais naquele dia. Voou em pensamentos. Ela ouvia e via nitidamente o riso de Henrique. Aquela risada que acalentava. Horário do almoço, ela pensou muito em ir até o quiosque. Talvez comer por lá e conversar um pouco mais com aquele rapaz que ria, acalentando. Mas achou melhor não. E se detestava por isso. Por essa mania de sempre achar melhor não ir lá fazer uma ousadia, por menor que fosse. “Onde estaria aquela menina danada lá do interior?”, ela pensava. Talvez tivesse ficado lá. Maria esqueceu de botar na mochila, naquele dia da partida, a coragem e a gana daquela  caboclinha. Botou tanta vontade de ver o mar e de estudar, que nem lhe veio lembrança das demais coisas que poderiam ser tão útil na vida de menina interiorana na cidade grande.
Chegou a sua casa ás 19:00 e César não estava por lá. Silêncio e escuridão total. Jogou as chaves e a bolsa em algum canto, se esparramou no sofá. Pensou que ele na certa não viria para dormir. Não sentiu vontade de ligar e perguntar. Pensou na noite anterior. Lembrou da camisa de Henrique. Que língua era aquela mesmo? Que tinha escrito lá? Lembrou da barba cerrada. Lembrou do cabelo meio bagunçado, dos chinelos. Da pulseira estilo hippie e até de uma cicatriz no pescoço. E se ela fosse até lá? Ela se assusta com o que pensa. Para. Titubeia. Mas de repente rir. Riu por está sendo corajosa. Não quis desperdiçar isso. Foi até o quarto, tomou um banho relaxante, escolheu uma roupa bem leve, uma sandália rasteirinha, passou seu perfume adocicado e suave e um batom vermelho, de textura seca, que ela adorava. Olhou-se no espelho, respirou fundo e foi, antes que se arrependesse, antes que a coragem fugisse.
Dessa vez foi no seu carro. Chegando perto, viu que o quiosque estava movimentado. Muitas mesinhas, muita gente conversando, gente no balcão. Acha dificuldade para estacionar, até que consegue a vaga do siena que estava saindo. Ela está nervosa. Respira ofegante e até treme um pouquinho. Há muito tempo Maria não se sentia assim, apreensiva e ansiosa para ver alguém. Principalmente alguém que ela mal conhecia. Chegando perto do bar, avista Célia servindo uma mesa. Ela está numa saia longa e os cabelos vermelhos presos num rabo de cavalo. Olha para além do balcão e avista ELE, despachando bandejas com bebidas. Ele estava lindo, ela pensou. Só dava para ver a camisa. Era azul com um desenho psicodélico. Maria pensa que não foi boa ora para ir até lá. Todos estavam muitos ocupados. E se vira para ir embora.
- Maria!
Ela paralisa. A respiração fica ainda mais ofegante. Era a voz dele. Aquela voz mansa e rouca que ela passou do dia inteiro ouvindo. Vira-se e vê Henrique se aproximando com um sorriso largo. Ela sente paz. Como aquele cara lhe passava paz...
- Maria, bom que veio. Fiquei com medo que não viesse. – fala olhando nos olhos dela.
- Com medo?
- É. Quando a gente quer muito uma coisa, tem sempre um medinho de não rolar embutido na parada, né? – Ele fala com segurança. Sem o menor desconforto ou timidez ou receio.
- Você então queria muito que eu viesse? – Ela pergunta apenas para sentir o deleite de ouvir a resposta.
- Há muito tempo que eu não quis tanto assim uma coisa, Maria.
Ela rir e baixa o olhar. Ele pega na sua mão. A mão dele era quente. Ela treme u
- Vem, Maria. Senta um pouco. Já eu venho falar com você. Quer beber o quê?
- O que você me sugere?
- Olha... confia já assim em mim? Eu vou sugerir o drink mais famoso da casa. Chama heiße Liebe. Mas vou logo avisando, é forte.
- Tudo bem. Eu aceito a sugestão, se você me explicar esse nome aí que eu nem decorei.
Rick rir e chega junto dela, tão junto, que Maria tarava a respiração. Fala no ouvido dela:
- Me espera só uns minutos, que eu te explico e ensino muitas coisas. –  se afasta e dá uma piscadinha charmosa.
Ela se arrepiou com aquela voz no ouvido. E sentiu o perfume amadeirado dele. E o cheiro de álcool e de cigarro da boca dele. Maria, sem entender bem, sentiu um desejo gigante naquele momento. Senta-se na mesa e em pouco tempo, um rapaz franzino lhe traz a bebida. Era mesmo forte. Tinha gosto de morango, vinho, framboesa, vodca. Era doce também. Ficou tentando pronunciar o nome, algo como “raissi libi”.
Meia hora depois, Henrique chega na mesa, senta e  olha nos olhos dela, com aquele sorriso que desarma.
- Gostou do drink, Maria? – ele olha mais precisamente para a boca dela.
- Gostei. Muito. Raissi Libi né?
- Olha, já sabe até alemão!
- Ah, então é alemão? Que curioso. E o que significa? E por que o alemão?
- Vamos fazer assim, eu vou deixar a Célia e o Cazé segurando as pontas aqui. Hoje o bar fecha cedo, é quarta, tem futebol. A gente vai pra outro lugar e eu te respondo tudo o que quiser, topa?
- Fechado.
- Perfeito. Então vou lá pegar meu carro.
- Eu tô de carro hoje.
- Então, como a gente faz?
- Eu pensei que a gente poderia ir praquele bar lá perto da minha casa. Lá é legal. Tem sempre músicas boas.
- Por mim tudo bem. Eu te sigo então.
No caminho, que era bastante breve, Maria sentia certa vertigem. Ela pensa que a última vez que se sentiu assim foi no primeiro encontro com César. Ela então lembra de César. Eles eram namorados e moravam juntos. Por mais difícil que estivesse a relação, eles não haviam rompido e então Maria se sente mal por estar fazendo algo “errado”. Mas que bobagem, ela não estava o traindo – ela pensa. Era só um encontro com um amigo que conhecera que fora deveras gentil com ela. Se sente melhor com essa auto-desculpa. Mas no fundo não podia controlar a curiosidade e o desejo que Henrique lhe causava. Ela lembra que leu uma vez num livro que “desejo é a vontade de não se controlar”. Ri de canto. E gosta daquela Maria corajosa e ousada, igual a Maria lá do Sítio Maria Santíssima, que morava com os pais e sonhava no alpendre.
Henrique estaciona logo atrás dela. Os dois entram no bar e Maria o guia até uma mesinha mais no fundo do ambiente. O garçom se aproxima e cumprimenta Maria com ares de velho conhecido.
- Pezão, traga uma cervejinha bem gelada e aqueles camarõezinhos empanados. Percebe que fora extremamente mal educada por não ter pedido a opinião de Henrique e fala constrangida:
- Puxa, me desculpe, terminei pedindo o que sempre peço e nem te consultei nada, desculpa...
- Maria, eu não tenho nada a reclamar. Quem não gosta de cerveja e camarão, bom sujeito não é!
E rir um riso aberto e, claro, DE ACALENTO. Maria rir também.
- É que eu venho sempre aqui com o César e peço sempre isso...
Percebe que falara demais e fica sem saber mais o que dizer ou ao menos onde por as mãos. Mas Henrique não pergunta nada. Ele ficou sim curioso para saber quem era o tal César que sempre vinha com a sua Maria àquele bar, mas não quis ser indiscreto ou invasivo.

Sim, para ele, ela já era sua. Ele a desejava e tinha bem-querer por ela. Sentia vontade de cuidar daquela mulher-menina tão frágil e tão forte ao mesmo tempo. Sentia vontade de tê-la como mulher e como amiga, na sua cama e na sua vida, sempre do seu lado. Era estranho sentir um turbilhão de sentimentos por uma mulher que conhecera na madrugada anterior. Em menos de 24 horas, seus mundos se misturaram homogeneamente, coloridamente. 
O celular de Maria toca. Era César. De repente ela se sente mal em estar ali. 
- Eu preciso ir, Henrique. 
- Tudo bem, Maria.
Ela se levanta e estende a mão ao rapaz de barba rala e olhar ilegal. Num impulso forte, ela é puxada. Acontece um beijo. O beijo. Quente, mordido, forte. O beijo sempre foi ápice dos amantes e sempre será.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Capítulo 03

Pesadelo


Maria sobe. O elevador estava com problemas há meses e só tinha mesmo a opção de ir pela escada. Abre a porta devagar pra não fazer barulho. Joga as chaves no balcão com fotos que fica na entrada e senta no sofá, dez quilos mais leve do que quando saiu dali. Olha pra taça de vinho pela metade em cima da mesinha e, num gole só, a esvazia. Leva a taça até a pia da cozinha, que é separada da sala por um balcão me mármore escuro. Apaga a luz e vai para o quarto. Olha o homem deitado na cama, num sono profundo. Não sente nada. E é isso exatamente o que a fere: há tempos não andava sentindo nada quando o olhava. Queria antes sentir raiva, nojo, pena ou algo de ruim, a não sentir nada. Para ela, não sentir nada quando se olha para alguém que se vive junto, era uma das dores piores que se podia carregar.
Tira os chinelos, num canto da parede, tira o vestido e joga num sexto do banheiro. Enquanto a água quente lhe cai sobre o corpo, ela ainda ouve a voz do cara da praia. Ela deita do lado do homem, na cama, olha o relógio em cima do criado mudo e vê que já são quase cinco da manhã. Percebe que tem cerca de uma hora e meia de sono apenas e pensa, com tristeza, no dia rotineiro e corrido que lhe espera quando acordar. O cansaço a faz dormir bem rápido e ela tem então o mesmo pesadelo que lhe perturba desde a morte dos pais: ela está num balanço bem alto, ainda menina. Um balanço que fica em cima de um poço de buraco largo e escuro. Ela balança forte e canta uma música de ninar. Ouve a voz dos pais chamando “Vem, Maria do Céu”. Nesse momento, ela tenta descer do balanço, mas se ver caindo na profundeza escura do poço aos seus pés.
Acorda assustada e se põe sentada na cama. Respiração ofegante, coração batendo forte. Sensação de todos os dias. Há muitos anos Maria não sabia o que era um despertar com calmaria e serenidade. Sente o cheiro de café. O homem não está mais do seu lado e faz barulho de louça pros lados da cozinha. Ela levanta, prende o cabelo e sai do quarto. Senta na cadeira alta do balcão sem dizer nada.
- Quer café, Céu? – pergunta o homem branquelo e de cabelo claro, que estava sem camisa lavando alguma coisa na pia.
- Quero. Caiu da cama hoje, foi?
                   - Dormi muito cedo ontem né. Mas foi bom, tô descansado. Vou fazer isso mais vezes. Essa de ficar te acompanhando na madrugada não dá frutos. – ele fala isso enquanto coloca a garrafa e uma xícara em cima do balcão, para Maria se servir.
- Me acompanhando? Você fica lendo. Cada um na sua e você vem em falar se companhia?
- Você não vai começar assim tão cedo, né? – ele fala com tom de “saco cheio”, mas de forma calma. Ele estava com espírito de diplomacia e totalmente empenhado em não fazer DR naquele dia.
- Eu queria mesmo era terminar, não começar. Esse é o problema, César. A gente só começa as conversas e nunca as conclui. E assim vai levando nesse banho-maria por pura preguiça de concluir uma coisa que necessita tanto disso. O que mesmo que a gente tá esperando? – Maria diz isso segurando a xícara alto e olhando para ele com os olhos inchados, mais do choro, do que do sono.
- Céu, por favor, hoje eu tô tão bem. Não vem estragar meu dia com suas DR’s, por favor. – Ele fala sem olhar pra ela, ainda lavando na pia.
- Eu tô estragando seu dia? Pois a gente desse jeito que tá, tá estrando minha vida, meu caro.
Nesse momento ele para o que está fazendo e se vira para Maria, com cara de quem ouviu uma coisa sem cabimento algum.
- Céu, eu já quis ir embora e você praticamente implorou pra eu ficar. E eu fiquei porque eu te amo. Agora você vem de novo me dizer que tô estragando sua vida? Qual é a sua? O que você quer?
- Eu quero ser gostada direito, poxa! Quero uma companhia. Minha vida já é uma merda nessa cidade. Tenho dois amigos, não tenho família, trabalho muito pra ganhar mal e ainda tenho um companheiro que acha que sexo ruim e jantar fora uma vez por semana é ser o melhor namorado do mundo.
- Céu, olha as coisas que você me fala. Você acha que é fácil te amar? Você acha que é fácil aguentar todos esses seus traumas? Acha que é fichinha aguentar uma mulher que quase nunca rir de nada, quase nunca tá feliz com nada?
Maria está olhando nos olhos dele, enquanto ele fala. Os olhos dela estão como duas poças d’água. Ela sente as mãos tremerem.
- E o que você faz pra me ajudar nos meus traumas e na minha escassez de alegria, César? Quando foi a ultima vez que almoçamos juntos, em casa? Quando foi a ultima vez que fomos ao cinema, que viajamos juntos? Você está sempre ocupado com suas aulas e suas aluninhas. Elas devem ser mesmo mais interessantes do que eu. Mais alegres né? Mais quentes.
- Pelo menos, elas sabem agradecer o que eu faço, mesmo sendo só minha obrigação.
- Ah, é sua obrigação ir pra cama com elas?
- Maria, eu vou tomar banho e ir pras minhas aulas. Eu não vou te responder isso, porque realmente não quero estragar meu dia - ainda mais, aliás.
E sai pro quarto. Bate a porta.
Ela percebeu que ele a chamou de Maria. Ele nunca a tinha chamado de Maria. Para ele, ela era “a Céu”. Foi inclusive o nome dela que os aproximou. Ele, professor de Piano. Ela, uma aluna interessada em algo lhe entretece nos fins de semana. Ele dizia que seu nome era poético. E que ela era mesmo tão bela e fantástica quanto o céu. Dois meses depois, ele dizia que ela era o céu azul e ele, o passarinho.
A relação vinha definhando dia após dia. Depois da morte de Seu Ferreira e Dona Francisca, Maria não se animava com quase nada. Ele, pragmático, apenas ia levando á maneira dela. Com o tempo, a paixão, antes feroz, foi apagando e virando só costume. Eles eram acostumados a viverem um com o outro e não tinham coragem de se deixarem. Covardia é coisa que leva muito amor já morto nas costas... O amor virou costume.
E assim Maria do Céu vivia um pesadelo todas as noites e outro todos os dias. E os dois até se entrelaçavam. Ambos tinham um poço escuro e fundo. Um de água ou sabe lá o que tivesse naquele fundo. O outro de amor morrido. Aliás, matado. Devagarinho. Pela falta de brilho.







segunda-feira, 23 de junho de 2014

Capítulo 02

Amargura

Anos depois, Maria estava igualmente olhando pela janela, como lá no sítio dos pais. Dessa vez, a de seu apartamento, numa cidade grande, pensando nisso tudo que foi descrito anteriormente. Era um apartamento minúsculo, num bairro movimentado. Já não era a menina Maria do Céu daquela pacata cidade. Era agora uma mulher, com emprego e rotina. Mudara muito desde a época que entrou num ônibus com uma mochila nas costas e a cabeça no mar, só no mar. E era o mar a única motivação de Maria para manter-se firme. Ela bebia um vinho tinto em goles pequenos. Olhava para o céu, para as luzes, para as pessoas se movimentando lá embaixo, pelas ruas e bares. Já era tarde. Ela gostava dessa coisa da cidade nunca parar. De tanto viver calmaria na sua mocidade, ela queria mesmo era barulho e luzes e vozes.
O vinho era mesmo bom - ela pensava. Só a vida que não. Olhando pela janela, Maria do Céu pensava em como a solidão a dois era doída. Havia um cara dormindo no quarto. Ela olhou e viu, pela porta entreaberta, que o pé dele estava para fora da cama. Solidão a dois era uma coisa amarga demais para uma Maria tão doce. Aliás, a doçura de Maria do Céu, se perdeu pela metade desde a morte dos pais, naquele acidente de ônibus, quando estavam vindo visitar a filha estudada, na cidade grande. A culpa lhe mandava pesadelos quase todas as noites. Agora, olhando pela janela, ela sentia uma falta absurda da menina sonhadora do interior. E pedia, intimamente, para o que o tempo voltasse. E sofria com a certeza do quão impossível isso era.
Maria do Céu deixa a taça de vinho pela metade na mesinha de centro, pega as chaves e sai de casa. Era alta madrugada. Ela queria ver o mar. Ela PRECISAVA ver o mar. Caminhava pelas ruas, sentindo o vento. Maria sentia tudo ao extremo. Os seus sentidos eram usados sempre os cinco para sentir tudo. Pouco tempo, ela avista o mar. Sua economia e seu esforço para comprar o AP perto do mar era uma das poucas coisas pela qual ela jamais se arrependeu. Fechou os olhos e uma lágrima teimosa e gorda lhe escorreu pela face de menina, mesmo já sendo ela mulher feita. Sentiu o cheiro do mar. Ouviu o barulho do mar. E respirou fundo, como quem quisesse sugar o mar para si. Soluçou. Um choro sentido, doído. Maria só se mostrava frágil assim para o mar, só para o mar. Para o resto do mundo, ela vestia a casca de forte e bem resolvida. Mas o mar era seu mundo, seu refúgio. Ele sempre entenderia sua rainha.
Sentada na areia, sentindo o vento gelado, o cabelo dançando. Talvez o mesmo artista mencionado por mim no inicio quisesse, mais uma vez, retrata-la. Maria era linda quando triste. Talvez porque a tristeza já lhe fosse fincada, fundida. Ela se deu conta que estava numa cidade grande e que ficar sozinha na praia não era boa ideia. O rapaz do quiosque também. E veio até Maria.
- Moça, é um perigo ficar aqui sozinha essa hora. Tem um grupinho de drogado que se te ver aqui, vai lhe fazer mal.
Maria nem olha para rapaz. Não queria se mostrar assim. Só o mar merecia e tinha a confiança para tanto.
- Moça, você está bem?
O rapaz fala num tom de preocupação. Maria levantou os olhos e revelou a vermelhidão e o inchaço. O rapaz sentiu vontade de abraça-la. Os olhos daquela moça pediam urgentemente um colo, um ombro, uma paz.
- Eu tô bem. Já tô indo pra casa.
- Você mora perto daqui? Tá sozinha?
- Moro. Bem perto. Tô sozinha, mas tá tudo bem, moço.
- Eu já tava indo embora. Meu bar fechou tarde hoje. Se quiser, levo você pra casa. É perigo voltar sozinha.
- Não, não precisa. Sua família deve tá te esperando. Não vou incomodar não.
- Minha família é meu cachorro e meu violão, moça. Vem, vamo sair daqui, que já acho muita vontade da divindade nos ter mantido salvos até agora.
Estende a mão para Maria. Ele tinha um rosto de acalento, pensou ela. Têm pessoas que tem rosto assim. Maria dá a mão e levanta num salto, sacode a areia do vestido e sorri de leve, num agradecimento.
- Meu carro tá logo ali. Vou logo avisando que talvez não seja o que a moça esteja acostumada a andar.
E ele rir. Maria acha a risada dele gostosa. Sente paz. Como pode? Ela passa anos procurando paz e encontra numa risada tímida de um estranho?
- Ah, não se preocupe. Não sou nenhuma ricaça e nem patricinha.
- Então já gosto de você.
Maria rir timidamente e evita os olhos do rapaz. O velho medo de se mostrar. Os dois caminham até o quiosque e há uma mulher esperando na porta. Uma senhora já, mas muito conservada e bonita. Cabelo vermelho, colar de pedras, vestido longo.
- Essa é minha amiga Célia. Célia essa é minha amiga...
Ele lembra que sequer sabe o nome da moça que chama de amiga. Maria se apressa em completar a frase e se sente mal por também não ter perguntado o nome daquele rapaz de riso doce e de asas.
- Maria. Eu sou a Maria, Célia. Prazer.
- Bonita sua amiga, Henrique.
Ela diz isso e abre um sorriso acolhedor. Maria sorri como retribuição e como agradecimento por ela ter revelado o nome do rapaz. Mas mesmo sorrindo, exalava tristeza e fragilidade.
- Bom, vamos indo. Célia, tudo fechado? A gente vai dar uma carona pra Maria.
- Tudo certo. Vamo, que tem uma gentinha esperando um beijo na testa lá em casa, Rick.
Maria se dá conta que está aceitando uma carona com duas pessoas que ela nunca viu na vida e lembra dos conselhos da mãe. Mas aquele rapaz lhe passava tanta paz, que não teve coragem ser racional e dispensar.
O carro era uma antiguidade. Bem cuidado e bem bonito. Mas bem antigo mesmo. Maria acha o veículo lindo e acha que é a cara de Henrique, mesmo conhecendo ele há poucos minutos. Ela acha aquele pensamento estranho. Mas gostou. Gostou da pretensão de saber ligar Rick às coisas. No caminho até sua casa, Célia acende um cigarro e fala sobre o artista que tá tocando no rádio. Algo como: “sinto falta dos mutantes cada dia mais”. Maria não sabia ao certo se foi isso, porque estava concentrada em demasia olhando para Henrique. Observava as mãos, o cabelo desgrenhado, a barba mal feita, a camiseta surrada e com uma frase em alguma língua que ela não conseguiu entender. Ela estudava aquele estranho que lhe passava tanta proteção, olhava cada detalhe, milimetricamente. O vidro estava aberto. A brisa era fria. João, vez ou outra olhava pelo retrovisor e Maria fugia, quando o olhar dele se chocava com o dela.
- O que fazia sozinha na praia, essa hora, Maria?
- O mar me acalma.
Ela se limita em dizer isso e ele percebe que não é boa hora para insistir em perguntar mais.
- A mim também. Acho que nem conseguiria trabalhar longe do mar. Porque eu sempre tive problemas com rotinas e com vida normal de trabalhador, sabe, Maria? Então, nem me vejo trabalhando trancado num escritório, onde a frieza das relações me apertariam mais que a gravata que eu deveria usar.
Maria acha aquilo bonito. O jeito dele falar. O pensamento dele.
- Pode parar aqui, Henrique, na frente desse boteco. Meu prédio é esse da frente.
- Muito bem localizada você, hem Maria! Um bar na frente, praia, cafés e livrarias bem perto. Invejinha aqui - Célia fala isso meio virada para o banco de trás, para olhar para a passageira novata. Maria apenas rir sem abri a boca.
- Está entregue, moça. – Diz Henrique naquela voz mansa e meio rouca.
- Eu nem sei como te agradecer.
- Me agradeça indo tomar água de coco no meu quiosque quando for naquela praia. Ou uma bebida mais forte, se você preferir. Contando que vá. – E abre aquele sorriso que Maria se encantou de graça desde o primeiro momento.
- Isso é que é agradecer ganhando.

E todos riem. E Maria desce do carro. E acena com a mão. Ela espera do lado de fora até eles sumirem na curva. Olha pra sua janela lá no alto e se sente bem menos amarga e pesada.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Capítulo 01

Maria do Céu

Era uma tarde de novembro. O céu estava alaranjado, o sol quase indo se deitar. Maria do Céu estava sentada numa cadeira velha, no alpendre de sua casa, olhando o nada. Na verdade, quando Maria olhava o nada, ela estava, de certo, olhando tudo. Porque Maria era daquelas que viajava em pensamentos, que sonhava acordada, que desenhava nas nuvens, que criava cenas e diálogos dentro de si. Se algum pintor visse aquela cena, certamente iria querer retratá-la, porque Maria estava bela, aliás, Maria estava graciosa, porque bela, muitas são, mas ter a graça que aquela caboclinha tinha, não era tão comum. Beleza é menos substancial que graça. Até o anjo disse à outra Maria: “Ave cheia de graça!” e não “Ave cheia de beleza”. E Maria era mesmo graciosa por excelência. Estatura mediana, pele clara, olhos amarelados e cabelos ondulados, castanhos, longos, já chegando à cintura. Seus olhos eram grandes, expressivos, atentos e ao mesmo tempo distantes. Tinham um certo mistério, uma certa magia. Uma réstia de sol iluminava seu rosto, fazendo os cabelos ficarem como da cor de mel silvestre. Ela olhava o horizonte, sabendo haver muita coisa depois.
Maria volta a si com o grito de sua mãe:

- Maria do Céu!

-Senhora, mãe?

- Vem aqui ajudar na janta menina! Para de ficar aí feito estauta, olhando pro nada. Um dia ainda te dou uns tapa, pra largar de ser avoada.

Dona Francisca não entendia que Maria levava um mundo a parte dentro de si. Não entendia suas “viagens”, seus devaneios, suas flutuações. Dona Francisca era prática, a vida dura lhe ensinara a ser assim. E era uma mulher de muita fibra, forçadamente forte, hiperativa. Resolvia tudo muito rápido, nunca estava parada. Cuidava da casa e da família com mãos de ferro. E amava tudo aquilo, mas à maneira dela – bruta, simples e até meio fria. Mesmo mal cuidada e gasta pela vida dura, era mulher bonita. Cheia de curvas, cabelos longos e negros, rosto marcado pelo tempo cruel, mas que conservava um ar de santa de igreja do interior. Não era mulher de melosidades nem de esperas. Ia lá e fazia. E a verdade é que Dona Francisca segurava aquela família. Ela era o porto seguro. Tinha pulso, tinha sangue corrente, tinha gana. E nisso Maria saiu á ela, com a diferença que Maria era inteira tecida de sonhos, era visionária - nisso saiu ao pai.
Da panela em cima do fogão de barro saia um cheiro gostoso de fava fresca e a outra boca também estava acesa aguardando o complemento do jantar.
- Vá catar o arroz, Maria. Minha fia, se avie pro mundo! Já te falei tantas vez  que gente desaluída fica no mei da estrada. Se atente, Maria do Céu, se apulume!
- Mãe não sabe nada de mim, do que penso. Aliás, a senhora quer eu seja  que nem essas meninas daqui, tudo abestada. Casar, ter um monte de filho, se acabar de trabalhar, cuidar da casa, dos meninos, do caba ruim que ela arrumou. Eu não! Quando eu tô parada, mãe, eu tô sonhando. ..Sou mais apulumada do que mãe pensa.

-Hum...  sonhando...hen-heim...

- Cadê papai? Nunca chegou?

Maria perguntava, enquanto estava de cabeça baixa, sentada num tamborete feito de couro de animal, com o quibane de arroz nas pernas.

- Nam. Tu num sabe como é Ferreira? Insegueirado com terra. Tá lá olhando os pé de maxixe. Inté penso as veiz que ele gosta mais do sítio do que de mim.

Maria rir baixinho.

- Mãe tá com ciúme de uma terra? Ele lhe quer bem demais...todo mundo ver.

Dona Francisca fica meio encabulada, deixa sair um risinho de lado, escapulindo. Um riso de orgulho e de amor recíproco. Ela sabia sim que era muito amada por aquele velho.
Maria termina com o quibane de arroz e se volta para a janela. Sua casa era um sítio modesto, afastado da pequena cidade. Tinha muitas árvores ao redor. Pé de muita coisa, galinhas e capotes sempre passeando pelo quintal. Uma horta pequena e caprichosa que Dona Francisca cuidava com muito zelo e um curral bem pequeno, onde seu Ferreira criava umas cinco rezes. Ela começa a pensar de novo, na mesma coisa que pensava quando ainda estava lá no alpendre. A mesma coisa que pensava todos os dias: o MAR. Maria do Céu, era, antes de tudo, Maria do Mar.
Ela era fascinada pelo mar desde muito pequena. Quando o mar se mostrava na TV, Maria paralisava. Fica inebriada. Ela achava o mar a coisa mais linda do mundo. Aquela imensidão, aquele mistério. O mar lhe causava certo medo, mas o medo lhe causava curiosidade. Ela ficava a imaginar seu encontro com o mar. Pensava no gosto do mar, no cheiro do mar, na cor do mar, no som do mar, na textura do mar. Maria sonhava em sentir o mar de forma total. Se juntarem, se fundirem, como num só. Ela gostava de pensar que havia um reino encantando lá nas profundezas. Com tudo que reino encantado tinha direito: princesas sereias, duendes marítimos, reis, bruxas, plantas que falam, bichinhos de todas as feições. E ela era a rainha que todos estavam aguardando chegar. Maria do Céu sonhava em ser Maria, a rainha do mar...
Não sabia explicar como tinha começado esse fascínio. Só lembrava que quando ainda era muito criança viu o mar na televisão 24 polegadas da sala de sua casa. Não parou de olhar, nem piscava. Era a cena de uma novela. O casal de mocinhos felizes e correndo, à beira daquele mundo de água que não parava de mexer e fazer barulho. Depois disso, Seu Ferreira e Dona Francisca tiveram que se informar muito, porque Maria era só perguntas sobre o mar. No seu aniversário de 7 anos, ganhou uma boneca de pano bem mimosa da mãe. Ela tinha os olhos clarinhos e cabelos longos que nem Maria e tinha cheirinho de alecrim. Seus olhinhos brilharam, mas todo o encanto foi transferido para o presente do pai. Seu Ferreira trouxera uma concha.

- Bota no ouvido, fia, assim. Tá escutando? É a zoada do mar. Pai trouxe um poquim de mar pra minha fia.

Maria estava num estado de encantamento indizível. Ela fechou os olhinhos e se imaginou pela primeira vez no reino perdido do mar que povoou seus sonhos todas as noites depois daquele dia. O pai sorri contente ao ver que agradou a filha. Maria, num gesto de profundo agradecimento, abraçou a perna do pai, que lhe beijou os cabelos de mel.

E muitas outras conchas vieram depois. O quarto tinha uma coleção delas. Quartinho simples, mas bem arrumado, caprichoso. Os móveis feitos pelo pai, os fuxicos e bonecas de pano feitos pela mãe. Uma estante só de livros, outra só de conchas. As janelas pintadas de verde clarinho. Maria do Céu era filha única - coisa atípica no interior no nordeste. Mas ela não era Maria do Céu a toa. Foi promessa para Nossa Senhora. Dona Francisca teve gravidez arriscada, os sustos foram muitos, se apegaram na fé. Devota de Maria, a sertaneja implorou, com olhos marejados, olhando para santa, num altar cativo da casa, que se a filha vingasse, homenagearia e serviria à Rainha do Céu. Nessa altura ela já sentia, sem saber explicar, que carregava uma menina. E Maria veio rosada e pequena, sadia e perfeita. Se tornou a alegria da casa. Os pais lhe davam e faziam tudo o que estava ao alcance. O que era deveras pouco e limitado. Dois caboclos, sem estudo e com muita fé. 

domingo, 22 de setembro de 2013

A turma


Biel é um cara bem legal. Quase nunca desgosta de alguma coisa. Só não gosta mesmo de solidão e café frio, o resto ele releva tudo. Biel tem uma turma de amigos, que quando junta, todo mundo parece que tá na lua. Porque todo mundo fica sem gravidade, fica flutuando. Nada tem gravidade nos encontros da turma. Nada é grave também. Ser avoado por gosto e vocação, lá na turma todo mundo sabe ser. Quer saber?

A Ana é uma menina que gosta de laço de fita azul na cabeça. Ana diz que não gosta de heróis que voam. Prefere os que sabem voar. Ana acha que seu pai sim, é um super-homem. Todos os dias ele ensina Ana a voar.

Malu é uma menina que ama a madrugada. Ela acha a madrugada poética. Só dorme depois que o sol aparece, pra não perder nem um tempinho da dança que a escuridão e o silêncio fazem dentro dela. Ela diz que o dia é cheio de trivialidades e boboquices de humanos robôs. A madrugada é mais fiel e mais leal que o dia. A madrugada é mais dela que dia. O dia é de todo mundo. De toda essa gente igual. Malu nem se importava quando a chamavam de pretensiosa  quando ela dizia que a madrugada era dela. "Maludrugada", ela dizia.

Raí tem carro da hora e cabelo com gel. Só a vaidade dele é maior que sua casa. Nenhuma outra coisa é. Uma mansão, com muro alto. Mas Raí prefere a casa com cerca baixa do Biel. Ele tem palácio, mas tem não abraço. Para ele, comer pipoca e rolar de rir no sofá velho do Biel, é bem mais legal que jantar granfino, com prato enfeitado e gente ensaiada.

E tem o Beto, o menino do cabelo enroladinho. Beto tem um violão e voz mansa. Sonha em cantar na lua. Fala de astros e é fã do Caetano. Tem plantação no quintal de casa, mas não é horta nem pomar. Vive numa camisa do Guevara e beija sempre na testa. Sonha com revolução, blues e Fumaça verde.

Biel só é professor de matemática até quinta. Sexta a domingo, ele é anfitrião daquela turma, que de tão chegada, nunca se vai. Sempre fica pela casa. Fica o cheiro, as cinzas, os cascos vazios, os discos, o violão extra do Beto, uma fita da Ana pelo chão. E fica o bem-querer. Pela casa toda. Exalando. Cheirinho de amor é coisa boa sentir...

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Tudo é bom, João

Um herói negro vai invadir o oriente, João. E, com morte, vai salvar muitas vidas. Porque ele é bom, João.

Um sistema perfeito oprime as pessoas. O desemprego se agiganta. Porque o sistema é bom, sabe, João?

O conselhos dos deuses não quer deixar que anjos de além da fronteira salvem vidas na batalha do campo verde amarelo. Só deuses de casa fazem milagres, João! Mas só quando querem. E com táxi aéreo. Tudo é corporação. Vida longa ao mercenarismo. Mas os deuses brancos são bons, viu, João.

A mulher é violentada e oprimida e assassinada, João. Pelo Senhor, Alfa. A regra é clara, Arnaldo e João: ele manda, ela obedece. Se violentada foi, João, é porque foi culpada. E se marcada foi, João, é porque mereceu. Porque o macho é bom, João. O ismo mais ainda. 

Tem criança com buraco na barriga. Tem de bala e tem de fome, qual você prefere, João? Ah, dar um lanche pra um mendigo e postar na caixa mágica. Está certo, João, você é bom. 

Tem gente colorida que ofende os preto e branco, João. Gente que rouba em cima de um altar não ofende nem assusta. Não te meta com um ungido, João! E aprenda, João, nada tem contexto, nada. Nem aquele livro grande de letra miúda. O mal do século nem é stress, João. É interpretação nua de crítica. 

Muita coisa tem sumido dessa bola azul, João. Cadê o “se importar”, João? Cadê a honestidade? E a abundância, João, cadê? Cadê os assustamento das gentes, João? Tudo é normal? Tudo é comum? Cadê a educação política hem, João? Aliás, João, você viu o Amarildo por aí? Acho que  ele era bom...

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Menina vermelha

Minha cor preferida não é o rosa. Minha boneca preferida nunca foi a Barbie e eu nunca fui fã de Sandy e Junior. Enquanto minhas colegas da mesma idade tinham coleção de bonecas com feições importadas, eu tinha mulheres recortadas de revistas Hermes e Avon e brincava tendo casa bem arrumada (com móveis tirados de catálogos de lojas), bom trabalho e um marido lindo (também de papel). Mas esse texto não é pra falar de brinquedos, mas sim de cores. É, cores.

Ratifico – o ROSA não é minha cor preferida. Já foi. Ou pelo menos eu quis muito que fosse. Me auto impus que eu era um menina-princesa-feminina-lady e que, portanto, minha cor preferida tinha de ser o rosa. Mas isso era quando eu não me conhecia. De fato, ainda não me conheço por completo e quem disser que se conhece dessa forma está, no mínimo, equivocado. Conhecer-se é um processo contínuo e perene. É um fluir constante, assim como a vida.

A parada é que hoje, minha cor preferida é o VERMELHO. Amanhã pode ser o amarelo ou o lilás, mas,  nesse momento, com toda a certeza, minha cor é o vermelho. Na verdade eu sempre gostei de vermelho, até sem me dá conta disso. Um dia, aos 19 anos, me surpreendi com a quantidade de calçados vermelhos que tinha (quando o convencional era optar pelos pretos). Vermelho é a cor da luta, da resistência. Vermelho é a cor da REVOLUÇÃO. O vermelho grita progresso, grita sangue, ideologia. O vermelho é vibrante.

Nos últimos dias, estudando sobre Feminismo (que vai além do que muita gente acha, mas não pretendo entrar nessa questão agora), vi que Rosa de Luxemburgo, economista, marxista, filósofa, uma das fundadoras do Partido Comunista Alemão e defensora apaixonada da LIBERDADE, era chamada por muitos de “Rosa, a vermelha”. Eu  achei aquilo tão legal. Decidi: definitivamente não sou nem quero ser rosa, sou vermelha!

O rosa, sempre trouxe o peso da simbologia da meiguice, da delicadeza, da feminilidade. Mas traz também, inerentemente, a simbologia da subordinação, da opressão, da imposição de papeis sociais, sofridas pela mulher historicamente. Coitado do rosa, não tô querendo fazer dele um vilão, nem pregar para as mulheres que não gostem dele. Mas, pra mim, o vermelho que é a cor da mulher. Até cor Primária é (lembra das aulas de Arte da escola?), o rosa deriva-se dele. Vermelho é força. Pintou as revoluções e estas pintam o nosso coração de vermelho também, num movimento dialético e sublime.  Como diz a canção: “tudo é garantido após o sol vermelhecer”. Acho que mesmo a esperança nem verde é. É vermelha.

Pronto, tá documentado: minha cor preferida é o vermelho. Além do mais, loiras ficam ótimas com essa cor. ;)